Vocês são o sal para a humanidade. (Mt 5,13)
Traduzido literalmente, o versículo diz simplesmente: ”Vós sois o sal da terra”. Jesus diz isso no Sermão da Montanha aos seus discípulos. Há versões que interpretam o sal como alimento. Mas há ainda outros empregos do termo.
A função do sal na época de Jesus era a de conservação dos alimentos. Sem ele, todas as coisas boas estragariam. Assim sendo, os discípulos teriam também uma tarefa “conservadora”: eles devem “conservar” no mundo aquilo que, por Jesus, já foi trazido a ele em relação ao amor e ao Reino de Deus.
Jesus também fala que o sal pode se tornar “imprestável”, devendo nesse caso ser jogado fora. Trata-se, portanto, ao mesmo tempo de uma advertência no sentido de não negligenciar a tarefa que nos cabe neste mundo, como cristãos, como seguidores de Jesus.
Ser sal para a humanidade significa que podemos ser o tempero certo para a vida dos outros, às vezes simplesmente por estarmos presentes, sendo amados e irradiando amor.
Ainda que a propriedade de conservação do sal tenha caído em desuso, em vista do uso generalizado de refrigeradores, pode-se pensar também nessa sua função e empenhar-se ativamente para que as relações entre as pessoas sejam estáveis, como por exemplo, na parceria, no casamento, na amizade ou com as crianças. Ou, por ocasião de alguma conversa fazermos menção da importância de cultivar valores fundamentais. Mas por vezes também pode ser acertado, como diz o ditado, salgar a sopa de alguém que esteja se comportando de modo demasiado orgulhoso, atrevido, autoconfiante. Nesse caso uma “pitada de sal” bem colocada mediante uma observação apropriada, mas não desnecessariamente ofensiva, pode fazer bem e trazer o outro de volta “ao chão” de maneira saudável.
Jesus nos ensina a ser tempero na vida dos outros, dirigir-lhe a palavra, motivá-lo, ter inclusive a liberdade de criticá-lo com jeito, isso é algo que, fazemos e cultivamos muito pouco: falar com os outros sobre falhas e defeitos sem que isso leve ao rompimento de relações. E vale o mesmo para nós próprios: permitamos que o nosso semelhante nos estimule, prestemos mais atenção as suas manifestações, também e justamente quando se referem a aspectos problemáticos da nossa personalidade. Isso às vezes também contribui para a “conservação” positiva de sentimentos e relações.
Esse é o desejo de Jesus: que sejamos o tempero certo na vida dos outros.