Logo depois de proclamar as Bem-aventuranças, Jesus se dirige aos apóstolos e discípulos, utilizando uma linguagem muito expressiva para lhes indicar as qualidades necessárias ao cumprimento de sua missão dizendo: “Vós sois o sal da terra”.
Ao afirmar: “Vós sois o sal da terra”, Nosso Senhor declara que seus discípulos, ou seja todos os batizados, devem enriquecer o mundo propiciando um novo sabor ao convívio humano, evitando a brutalidade e a corrupção dos costumes.
Continuando Ele diz: “Ora se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelo homem. Para bem compreendermos o que o Salvador nos quer ensinar com esta figura, podemos imaginar uma matéria neutra, semelhante à areia branca, finíssima, que ao ser objeto de um influxo passasse a ser sal. Ela salgaria porque transmitiria uma propriedade que não pertence à sua natureza, mas lhe foi infundida. Ora, se esse sal se tornasse insosso, voltaria a ser o que era antes, ou seja, areia.
“Vós sois a luz do mundo”.
Confiando-nos a missão de sermos “a luz do mundo”, Jesus nos convida exatamente a participar de sua própria missão, a mesma que fora proclamada pelo velho Simeão no Templo, quando, tomando o Menino Deus nos braços, profetizou que Ele seria “luz para iluminar as nações” (Lc 2,32). Nosso Senhor veio trazer a luz da Boa-nova e do modelo de vida santa.
“Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte”.
Relativamente próxima do monte das Bem-aventuranças se eleva a cidade de Safed, situada a cerca de mil metros de altitude. Supõe-se, então, que Jesus tenha feito alusão a ela nesta passagem, utilizando uma imagem familiar a todos os presentes. Ao mencionar a impossibilidade de permanecer oculta uma cidade com essas características.
“Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim, num candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão na casa”.
A linguagem do Divino Mestre, como sempre, é muito simples e o exemplo não poderia ser mais significativo, pois só um insensato ocultaria uma lâmpada acesa em baixo de uma vasilha, pois assim ela ficaria totalmente inútil.
“Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos Céus”.
Como lampadas a reluzir na escuridão, Nosso Senhor quer que os cristãos iluminem os homens e mulheres com suas boas ações. Isto é, o bem precisa ser proclamado aos quatros ventos. “Sejam os cristãos no mundo aquilo que a alma é no corpo”. Por isso, é necessário não ter receio de proclamar por toda a parte a nossa Fé, a nossa vocação, a nossa determinação de seguir a Cristo.
Este Evangelho expressa com muita clareza o dever de cuidarmos de nossa vida espiritual não só pelo desejo da salvação pessoal. Sem dúvida, seria muito bom abraçar a perfeição para contemplar o Criador face a face por toda a eternidade no Céu. Entretanto, Nosso Senhor nos quer santos também com vistas a sermos sal e luz no mundo! Enquanto sal, devemos empenhar-nos em fazer o bem aos demais, pois temos a responsabilidade de lhes tornar a vida aprazível, sustentando-os na fé e no propósito de honrar a Deus. São eles credores de nosso apoio colateral, como membros do Corpo de Cristo. E seremos luz na medida que nos santificarmos, pois ensina a Escritura: “O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo teu corpo será iluminado”(Mt 6, 22)
Peçamos, pois à Mãe de Jesus, Nossa Senhora, Auxiliadora dos Cristãos, que faça de cada um de nós verdadeiras tochas que ardem na autêntica caridade e iluminam para levar a luz de Cristo até os confins da Terra.