“Naquele tempo disse Jesus a multidão: O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo.” (Mt 13, 4)
Quem busca glória pessoal não caminha nas sendas do Reino. Quem descobre que o amor é que vale a pena, descobre um tesouro escondido.
Um dos maiores sonhos do ser humano é ficar rico, de preferência da noite para o dia e sem precisar fazer força… e haja filas ás portas das lotéricas. A ilusão geral é que o dinheiro manda os problemas embora, torna tudo mais fácil.
Na organização de nossa sociedade, a vaidade tem uma cadeira cativa. Para muitos, o importante é aparecer e ser admirado por todos, ocupar postos importantes e manter-se em lugares de destaque. Quantas pessoas constroem sua vida em função de tais desejos, mesmo que para isso seja necessário passar por cima de outros e cometer injustiças. Para eles, o importante é serem admirados, aclamados e louvados. Isso lhes faz bem; deixa-os satisfeitos. Pior para as crianças e jovens que nascem e vivem em ambientes assim. Logo cedo concluem: o dinheiro dá prestígio e poder; o poder oferece “status”; o “status” dá felicidade… A vaidade passa então, a ser vista como uma virtude; as necessidades dos outros, como azar, resultado da preguiça, vagabundagem…
A lógica de Jesus Cristo é a lógica do serviço. Os dons (talentos), as riquezas e o poder, devem ser colocados a serviço dos outros. Ele nos ensina que o problema não é ter, mas apegar-se (claro: quanto mais se tem, maior é a facilidade do apego). Não é errado ter poder; errado é usá-lo em beneficio próprio; não é um mal ter inteligência e boa formação: grave é quando tais capacidades são usadas para dominar os outros, de forma rápida e eficaz.
Pelo que se percebe a concepção não era diferente nos dias do ministério terreno de Jesus. Depois de conversar com um jovem que tinha seus bens como prioridade, o Senhor comenta sobre as dificuldades que os ricos têm de chegar-se ao Reino. A reação dos discípulos foi de espanto: se os ricos não conseguem, quem então vai conseguir?
Nem todo dinheiro do mundo pode comprar a entrada no Reino de Deus. Não adianta ser rico, como, alias, também não adianta ser pobre. Não é uma questão de quanto se possui. Tornar-se participante do Reino de Deus envolve um único preço: crer em Cristo. Mas, diferentemente do que muita gente acha este crer não é só um vago “acreditar”, como alguém que pode acreditar ou não Papai Noel sem que isso lhe traga conseqüências mais sérias. È um comprometimento radical, absoluto e irrevogável com a pessoa de Jesus Cristo.
Tornar-se discípulo ou seguidor de Jesus é tornar-se seu aluno, aprendiz. O aprendiz anda com seu mestre dia após dia vendo como ele vive e age, e trata de imitá-lo. Este seguir envolve não só tudo que eu tenho, mas também tudo o que eu sou, todas as áreas da minha vida. Talvez isto explique a dificuldade dos ricos e a de muita gente nem tão rica assim. Tornar-se discípulo de Jesus Cristo é absoluto, não dá para ser mais ou menos.
Vivemos dias de discipulado frouxo e descomprometido, de gente que quer ser cristão em uma versão light, um cristianismo frio, conversa fiada que reluta e quer renegociar o compromisso. É preciso cuidado para não ser como o jovem rico.
Talvez hoje seja um bom dia para reavaliar o compromisso que temos com Jesus.