Elas já foram chamadas de Constituição do Reino de Deus, ou seja, os princípios básicos que governam a vida que Deus planejou para a humanidade. (Mt 5, 1-12)
Quem tem uma profissão segue um código de ética, procedimentos morais esperados de quem exerce determinada função. Os cristãos também têm seu código de ética, sintetizado no discurso feito por Jesus, chamado de Sermão da Montanha.
Quando Jesus começou a ensinar, seus ouvintes ficaram surpresos. Ele não repetiu aquilo que eles já estavam cansados de saber. Seu ensino era novo, muito mais profundo e abrangente. Fez acréscimos à lei judaica, falou sobre religião, relacionamentos interpessoais, finanças. Seus ensinos são práticos, aliás, de nada adianta conhecê-los se não forem seguidos. Esta é a parte mais conhecida e menos observada do ensino de Cristo. Isso acontece porque o Sermão da Montanha parece impraticável. Exige dos cristãos um compromisso que nem todos estão dispostos a assumir. As exigências de Deus são elevadas demais para pessoas tão falhas e limitadas como nós. Preferimos ser egoístas a amar, religiosos e não consagrados, e lidar com as nossas coisas como bem entendemos.
Deus tem um padrão elevado, mas nos ajuda a buscá-lo. Seguir Jesus é percorrer um caminho apertado e arriscado, mas não estamos sozinhos.
O ensino de Jesus é um conjunto dos melhores conselhos para bem viver e ser feliz. Eles previnem nossa destruição. Quando não o seguimos, nossa vida está em risco. Se quisermos ser como Jesus, precisamos conhecer e praticar o que Ele ensinou. Num mundo de tantos problemas: violência, desigualdades, preconceitos, falta de amor, somos convocados por nosso Mestre a mostrar diferença, desenvolvendo um caráter puro e agindo sempre com amor.
Numa sociedade que prega a felicidade no acúmulo de bens, na busca de prestígio e poder pessoal, sem se importar com ninguém, as bem-aventuranças soam estranhas. Por isso, para bem entendê-las e vivê-las, temos que primeiro mudar o foco de nossa existência. Somos imagem e semelhança de Deus, mas o corre-corre cotidiano nos desumaniza e esconde tudo o que de divino existe em nós. Assim, intolerância, ódio, rivalidades, imperam sobre o diálogo e o amor ao próximo. Deus e seu modo de agir devem ser o foco de nossa vida. Temos que entrar no registro das bem-aventuranças, que é o modo de ser de Deus, onde a preocupação com o outro seja a tônica, onde o serviço desinteressado se sobreponha ao poder, onde a partilha e a solidariedade imperem sobre o amor-próprio.