Mensageiro de Jesus

Quaresma, tempo de mudar de vida.

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Quaresma

Dom Eduardo Arcebispo de Sorocaba

 

São quarenta dias até chegar a Semana Santa, quando celebramos a paixão, morte e ressurreição de Jesus. Será então a festa da Páscoa, a Páscoa de Jesus, a nossa Páscoa. Os hebreus saíram do Egito e por quarenta anos peregrinaram pelo deserto até conquistarem a terra prometida. Mas aquele dia, o dia do Êxodo, ficou para sempre gravado na alma do povo hebreu como o dia da grande intervenção de Deus que os libertou do jugo da escravidão. Celebrar a páscoa era para os hebreus celebrar a liberdade. Ser livre, estar livre: eis a grande aspiração de todo ser humano. Mas, em que consiste a liberdade? Para que a liberdade? Saíram do Egito e Deus, através de Moisés, lhes revelou seu projeto: devereis ser meu povo e Eu serei vosso Deus. E lhes colocou diante dos olhos os dez mandamentos, o código da aliança. Tudo se resumia nisto: “amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento”. E ainda: “amarás o teu próximo como a ti mesmo”( Mt 22,57-39; Cf. Dt 6,5). Ser livres para amar. Eis o sentido da liberdade. Felizes aqueles que conseguem se mover com totalidade na direção de Deus! Estes se explicitam a si mesmos, desabrocham plenamente, têm revelado para si mesmos seu próprio mistério; atraídos por Deus, saem plenamente do escondimento de sua solidão para mergulharem na comunidade divina. A libertação política permite a iniciativa e a participação para a construção social, mas fica sempre a pergunta: sobre que fundamentos construir a vida social? Os hebreus saíram do Egito, mas reproduziram os esquemas do Egito na terra da promessa. Assim vem acontecendo com todas as revoluções no decorrer da história: seus sonhos se desfazem, não obstante o avanço na compreensão dos direitos humanos, por falta de corações novos. Mudam os regimes políticos, implantam-se novos modelos de organização econômica, e sempre de novo emergem com cara nova os velhos pecados da adoração do dinheiro, do poder e do prazer, sob suas mais variadas formas. Livres da lei injusta, livres do poder opressor, os seres humanos, por não se transformarem desde suas raízes, repetem, em fórmulas novas, as velhas injustiças da qual foram vítimas. Uma libertação maior e mais profunda é necessária. Através do profeta Ezequiel, em tempos extremamente difíceis, Deus falou e prometeu essa transformação: “Eu vos purificarei de todas as impurezas e de todos os ídolos. Eu vos darei um coração novo e porei em vós um espírito novo. Removerei de vosso corpo o coração de pedra e vos darei um coração de carne. Porei em vós o meu espírito e farei com que andeis segundo minhas leis e cuideis de observar os meus preceitos”( Ez 36.25-27). Jesus Cristo é Deus passando no meio de nós, recolhendo nossas dores e assumindo nossos pecados, para dissolvê-los na Cruz e, ressuscitado, dar-nos o Espírito Santo, pelo qual temos um coração novo e nos tornamos capazes de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo com o amor próprio de Deus. Depois da passagem – a Páscoa – de Jesus, “amar o próximo como si mesmo” recebeu uma versão nova: “amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei”. Quaresma é tempo de pensar e viver essas coisas que são coisas de Deus, capazes de mudar a sorte da humanidade. “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro” é a tradução prática do mandamento bíblico de amar a Deus sobre todas as coisas. Amar é servir. Servir é adorar. O Apóstolo Paulo, na Epístola aos Romanos fala de Deus “a quem sirvo” usando o verbo “latreô” que significa adorar. Jesus, no monte das Oliveiras, por entre lágrimas e suores – de sangue -, revelou-nos o que significa amar a Deus sobre todas as coisas quando disse: Pai, “não a minha, mas a tua vontade”. Há pessoas que morrem e matam pelo dinheiro a quem servem. As guerras se fazem pela disputa das riquezas. O medo de não ter, de ficar sem, vem da incerteza sobre o amor. Só quem confia em Deus e o tem como a riqueza maior é capaz de desprendimento e de buscar em primeiro lugar o bem do outro. É quando acontece o Reino de Deus na história. Advertindo sobre a excessiva preocupação com os bens materiais, comida e vestes, Jesus conclui: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo”(Cf. Mt 6,25-34). É tão simples: se todos buscássemos o bem do outro e se traduzíssemos isso em organização da sociedade, o mundo se aproximaria bastante do paraíso sonhado pela humanidade e querido por Deus. É preciso que alguém comece. Amar a Deus sobre todas as coisas significa desagarrar-se de todas as coisas e apoiar-se no invisível. Diz a Epístola aos Hebreus que Moisés tinha tanta fé que, ao sair do Egito, perseverou “como se visse o invisível”(11,27) É possível sim um outro mundo, desde que o Invisível seja a mais real das realidades na vida dos seres humanos. “Convertei-vos e crede no evangelho”é a ordem de Jesus.

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Reinaldo

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